Recentemente, a Food and Drug Administration (FDA),
agência norte americana reguladora de medicamentos e alimentos, estabeleceu
novas regras para rótulos de filtros solares. Expressões como "bloqueador
solar" e "à prova d'água" não poderão mais ser usadas.
Afinal, filtros solares realmente têm a capacidade
de bloquear todos os efeitos do sol? Eles permanecem no corpo mesmo em contato
com a água? Quanto maior o fator de proteção solar (FPS), mais duradouros os
seus efeitos? Descubra!
FPS mínimo
O FPS de um filtro solar serve de parâmetro para
avaliar a capacidade de proteção que ele oferece contra os raios UVB, que são
mais superficiais que os raios UVA e causadores de câncer, vermelhidão e
queimaduras. Até o momento, especialistas não entraram em consenso sobre como
calcular a eficácia do produto contra a radiação UVA.
Por esse motivo, a dermatologista especializada em
câncer de pele Márcia Purccelli, do Hospital Albert Einstein e membro efetivo
da SBD, afirma que "nenhum filtro solar oferece 100% de proteção".
Assim, fica fácil entender porque o termo "bloqueador solar" não faz sentido,
já que não há um bloqueio total dos raios solares.
Mesmo assim, para que haja um efeito mínimo, porém
significativo, o FPS de um filtro solar deve ser de pelo menos 15.
"Aqueles com FPS 2, 4 e 8 não apresentam qualquer barreira às radiações
solares", completa a dermatologista.
FPS máximo
Segundo o dermatologista David Azulay, presidente
da Regional do Rio de Janeiro da SBD, filtros solares com FPS acima de 50 já
não apresentam evoluções significativas. Ao comprar um produto com FPS 60, 80
ou até 100, o consumidor paga mais, mas nem por isso obtém melhores resultados.
Além disso, o dermatologista acredita que
protetores com FPS elevado sugerem a algumas pessoas a possibilidade de poder
passar pouco produto ou ainda de não ser necessária sua reaplicação. "A
efetividade de um protetor com FPS 30, por exemplo, costuma ser 25% menor pelo
fato de as pessoas espalharem demais uma quantidade insuficiente do
produto", explica.
À prova de água e suor
Quando dizemos que algo é à prova de alguma coisa,
damos a ideia de durabilidade infinita, o que não é o caso do filtro solar em
contato com a água ou o suor. Márcia explica que produtos com alguma capacidade
de fixação na água deverão receber a nomenclatura "resistente à água"
e deverão indicar o período de tempo de resistência a essa exposição.
Enquanto as mudanças não são feitas, a
dermatologista sugere que aqueles que ficam muito tempo no mar quando vão à
praia ou passam o dia na piscina optem por filtros solares infantis, que tem
melhor fixação e maior resistência à água. Na falta destes, prefira qualquer
protetor cremoso. As opções em gel ou do tipo oil free são as que saem com mais
facilidade.
Protetor aerossol
Muitas pessoas optam por usar protetor do tipo
aerossol pela praticidade e rapidez que oferece. Ele também é da preferência de
muitos pais que têm dificuldade em manter os filhos quietos por muito tempo.
Mas quais as consequências do produto que inevitavelmente é inalado?
Para a dermatologista Márcia, ele não causa nenhum
malefício além dos já tão debatidos acerca de desodorantes aerossóis. A
recomendação geral, entretanto, é que os consumidores fechem as narinas para
evitar a entrada do produto no sistema respiratório.
O que realmente se sabe é que esse tipo de protetor
é mais difícil de espalhar uniformemente pelo corpo, deixando algumas áreas
menos protegidas.
Qual usar?
Como a população brasileira é, em geral,
miscigenada, um protetor de FPS 15 pra o dia a dia dá conta do recado. No caso
de um passeio de lazer no parque ou uma caminhada ao ar livre, o ideal é
utilizar um de FPS 30. Entretanto, pessoas com pele, cabelos ou olhos claros,
devem usar filtros com fator de proteção acima da média.
É aconselhado que pessoas com problemas de acne
optem pelos protetores oil free, ou pelos que têm menos óleo, e aqueles que
praticam esportes, pelos cremosos, pois eles tendem a se fixar durante mais
tempo na pele.
Quando e como usar
"Antes de qualquer coisa, é preciso que as
pessoas tenham consciência de que o protetor solar não é um passaporte para ir
tomar sol", explica o dermatologista David. Ele deve ser usado
diariamente, até mesmo em dias nublados. Não é porque a luminosidade está
reduzida que as pessoas não estão expostas aos raios UVA e UVB.
O fato de uma pessoa passar a maior
parte do tempo dentro de um escritório ou de casa e sair apenas de carro não é
desculpa para o descuido. "Se há a possibilidade de receber qualquer
porcentagem de luz solar, seja através de um vidro ou nos poucos minutos do
horário de almoço, deve-se usar protetor", afirma.
A recomendação é de que ele seja passado 30 minutos
antes da exposição e reaplicado a cada duas horas. O intervalo deve ser
diminuído no caso de a pessoa realizar exercícios físicos ou entrar em contato
com água.